Me deu vontade de gritar ao mundo, toda a minha experiência com drogas, ao absurdo que essa escolha me levou. Não vou poupar palavras, palavrões, sentimentos, nenhum deles, todos seram ditos sem a menor maquiagem, afinal se não poupei minha vida, não será agora que vou medir palavras.

Tudo que ler é a mais pura verdade, como vivo agora e muitos momentos de meus diários, escrevi tudo esses anos todos. Não vou citar nomes verdadeiros, nem o meu, muito menos os daqueles que comigo dividiram esses 26 de vida no uso ativo de drogas. As informações que eu omitir será apenas para evitar que invadam minha privacidade, minha vida no momento.

Não sei que ordem vou dar a cada postagem, não sei se vou seguir ordem cronólogica. Vai assim do jeito que eu sentir vontade de contar. (Desculpem, se na forma de redigir contém erros seja eles quais forem eu sei que é agradável aos olhos ler algo sem erros, mas como não sou escritora e estou mais atenta aos sentimentos, é bem provável que vá acontecer mas vou tentar me policiar).

Caso queiram entrar em contato, para dúvidas, perguntas, alguma curiosidade - email:
existenciaativa@hotmail.com

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Comecei a me sentir estranha no meu próprio ninho

Voltei a usar droga, uma vez por semana, duas, no começo com receio de ter convulsão novamente, mas a droga me cegava tanto que eu achava que a controlava, apesar de nesse momento depois do que houve e o fato de sentir uma vontade absurda de usar eu comecei a admitir que estivesse viciada.
Porque nesses anos todos, nunca admiti, dizia coisas do tipo: “Eu viciar:? Imagina isso é coisa pra gente fraca” “Comigo não acontece” “Eu controlo as drogas não ela a mim” “Quando eu quiser eu paro”.  Quanto auto-engano!!.
Mas nessa fase eu comecei a perceber que estava perdendo o controle.
Não lembro de muitos acontecimentos dessa fase apenas da tristeza e confusão que tomou conta da minha vida. Estava com depressão, vivia chorando, achando tudo feio, horrível, ninguém me compreendia, nem meu marido me interessava, nada interessa a vida perderá a graça e eu comecei a pedir pra morrer.

A depressão e o pânico foi um capitulo a parte porque isso aconteceu em 93/94, momento esse, que essa doença não era conhecida como é hoje. Tinha ido a diversos médicos, e dizia o que sentia: taquicardia, falta de ar, dormia demais, chorava o tempo todo, pressão no peito, dormência nas mãos e tantos outros sintomas físicos, mas o que mais me perturbava era que eu tinha certeza que estava enlouquecendo. Nem um médico que eu passei na época foi capaz de diagnosticar o que eu tinha. Um dia eu assistindo uma reportagem, me identifiquei com os sintomas com as doenças, fui ao medico com o diagnostico pronto, foi confirmado. Era a maldita depressão e a síndrome de pânico. Tomei por alguns meses uns tarjas preta, não quis tomar mais, parei, porque eu sabia muito bem como usar essa droga para o “mal” no meu organismo, não a sentia como remédio é sim como mais uma de minhas drogas e já bastava o gardenal que eu tomava que me deixava completamente grogue. Cismei que se eu não conseguisse sair desse quadro sozinha ninguém poderia me ajudar (como sempre eu sendo a auto-suficiente, eu me escondendo do mundo e querendo resolver tudo do meu jeito). De certa forma eu tinha razão depende sim do querer pessoal, mas naquele momento uma ajuda poderia ser bem vinda, mas não era só o meu querer, também não encontrei nada convincente como tratamento medico. E por outro lado a maior das preocupações: se eu disser que uso drogas os médicos vão dizer que é tudo culpa da droga e eu não vou parar!
Mesmo assim tentei reagir, tudo estava bem no meu casamento, meu marido, foi tudo que uma mulher pode querer, ficou comigo em todos os momentos afinal era na “saúde e na doença”, então ta.
Ele sempre tentando me alegrar, me tirar no casulo, voltar pro mundo, eu querendo ficar em casa, mas saia ás vezes.

O Bar tinha sido fechado, vitória da policia, nossa opção ou era salão de rock ou encontros na casa de casais amigos, drogados claro, nessa casa aconteceram loucuras, éramos a turma do Bar, agora mais adultos, a grande maioria comprometida, trabalhando, estudando, mas loucos ainda, se o consumo de variedades de droga não era tanto como um dia foi, havia ainda cocaína, maconha e álcool.

Sentia tontura, usava mais droga porque achava que era falta dela e  desse jeito aos trancos e barrancos, achando que eu era capaz de resolver tudo sozinha fui levando.

Eu ia à casa desses amigos mais sempre me sentia isolada, diferente, “porque mesmo eles estão rindo disso? qual a graça mesmo? “que merda, não queria estar aqui, queria estar na minha casa”.
Detalhe: ninguém percebia, nunca ninguém chegou em mim é disse: " vc esta bem, estou achando você diferente? Não! Cada um preocupado consigo mesmo, não era proposital, afinal era espaço pra alegria e não pro meu mundo depressivo. E eu tambem não fazia a menor questão de dizer o que me acontecia. Afinal nunca gostei que soubessem da minha vida e assim fui criando aos poucos meu isolamento emocional. Como tudo tem um preço, essa atitude de isolamento tomou caminhos nada felizes.

3 comentários:

  1. Vida...sabe....as vezes te "ler" me dá uma tristeza...acho fantástica tua coragem de estar colocando para fora seus sentimentos, seus obstáculos, tudo o que viveu...
    Acho que seu marido teve um papel muito importante nesta fase vivida, não??
    Voces tiveram filhos?
    Aqui em Curitiba tudo muito bom, curtindo minha amiga e os quatro filhos dela....se vc procurar em meu blog, uma vez fiz uma postagem para ela, chamada "por vc faria isto mil vezes..."...somos amigas desde meus 5 anos de idade!!!Já são 35 anos de amizade!
    Espero que seu sábado esteja sendo bom!E amanhã,ELEIÇÕES!!!!

    beijos em você, minha querida!!

    Deixe-me perguntar-lhe algo:vc gosta de ler???pois gostaría de lhe indicar um livro...beijos no seu coração!
    Biazinha

    ResponderExcluir
  2. Passei aqui para te desejar feliz dias das bruxas e para lembrar que você é especial

    ResponderExcluir
  3. Oi Bia,
    A resposta à suas perguntas estão na postagem de hoje..rs
    Adoro ler!!.. pode indicar adoraria.

    Beijos

    _____________________________________________

    Oi Toinho,

    Obrigada, boa semana pra vc. abraços

    ResponderExcluir