Me deu vontade de gritar ao mundo, toda a minha experiência com drogas, ao absurdo que essa escolha me levou. Não vou poupar palavras, palavrões, sentimentos, nenhum deles, todos seram ditos sem a menor maquiagem, afinal se não poupei minha vida, não será agora que vou medir palavras.

Tudo que ler é a mais pura verdade, como vivo agora e muitos momentos de meus diários, escrevi tudo esses anos todos. Não vou citar nomes verdadeiros, nem o meu, muito menos os daqueles que comigo dividiram esses 26 de vida no uso ativo de drogas. As informações que eu omitir será apenas para evitar que invadam minha privacidade, minha vida no momento.

Não sei que ordem vou dar a cada postagem, não sei se vou seguir ordem cronólogica. Vai assim do jeito que eu sentir vontade de contar. (Desculpem, se na forma de redigir contém erros seja eles quais forem eu sei que é agradável aos olhos ler algo sem erros, mas como não sou escritora e estou mais atenta aos sentimentos, é bem provável que vá acontecer mas vou tentar me policiar).

Caso queiram entrar em contato, para dúvidas, perguntas, alguma curiosidade - email:
existenciaativa@hotmail.com

domingo, 17 de outubro de 2010

Quase lá

Dos 18 aos 19 anos, sempre por conta de muita mentira eu conseguia sair, O Fuca era meu vizinho e nossas famílias se conheciam, meus pais gostavam dele era o único que meu pai não se importava que eu andasse,  perfeito era minha porta de liberdade, meus pais não tinham lá essas confianças em mim, mas nele eles tinham, então um tanto da minha liberdade estava garantida, eu estava cursando o 2º colegial e apesar das tantas faltas, de muitas vezes ter assistido aula completamente chapada, eu gostava de estudar, sempre gostei e consegui passar de ano  As férias era o pior momento porque eu não podia sair a noite. Muitas vezes eu dizia que ia pra casa do Fuca , passava na casa dele : qualquer coisa estive com você e ia pra casa da Lua, onde fumava, bebia e 3 horas depois estava em casa cínica, como se nada tivesse acontecido, ainda sob efeito de drogas, mas eu já havia aprendido a disfarçar. Em casa continuava a mesma coisa, brigas com os pais, eu querendo que eles me entendessem, o mesmo de sempre.  Até um momento que eu percebi que não haveria jeito, cheguei a seguinte conclusão: meus pais não são capazes de me entender e ponto. A vida é minha e vou fazer do meu jeito. Relendo meus diários agora, vejo que eu reclamava muito. eu queria sair das drogas e até saia, ficava uns dias sem usar e achava tudo sem graça e voltava a usar e já não entendia mais nada. Num desses momentos percebi que aquela “eu” que eu conhecia havia se perdido. Agora eu era “essa” é apesar de não me compreender, de não gostar muito eu não tinha escolha. Porque eu gostava dos meus amigos, porque eu gostava de rock, porque eu odiava os “caretas” e acima de tudo mesmo que no fundo eu soubesse que a droga podia me levar a algo nada interessante, eu gostava de ficar chapada, odorava aquela sensação de estar fora do mundo, fora da terra, da realidade. E  como sempre uma coisa puxa outra, o bairro começou a ficar pequeno e comecei a sair. Lógico que para os meus pais eu estva no cimena, em algum clube, num teatro ( fui em cinema uns 5 anos depois, teatro devo ter ido umas 2 vezes por conta da escola) Tudo mentira!
Hoje: Volto a repetir nós adictos somos manipuladores, por necessidade, mas somos. Depois falo como estou tentando me livrar de todos esses hábitos. Seja a mentira que passei a odiar ou a maniplação e tantas outras coisas que preenchem a vida de um adicto na ativa.
Não pensem que eu não gosto de filmes, gosto muito, mas não tenho paciência pra ficar 2 horas ou mais sentada quieta num cinema, prefiro assistir em casa, levanto, ando, dou pausa. Ainda sou ansiosa.

2 comentários:

  1. Vida...
    Fiquei feliz pois recebi visita sua lá no meu OLHAR!
    Sabe...esta "manipulação" dos adictos que me assusta...
    Eu creio que toda a família de um adicto precisa ser tratada...estou certa?

    beijos, querida...

    *Feliz por saber que está me lendo...meu blog sou eu...e sou assim...OLHO no OLHO...sou a flor da pele, sensível, forte...mas ando bem cansada de toda esta força...gostaría de poder ser menos "forte"...

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  2. Oi Bia,
    Sim a família de um dependente de droga é co-dependente ficamos doentes e deixamos todos doentes junto conosco ( não foi meu caso, vc vai entender isso nas postagens finais), A família precisa de esclarecimento de entendimento do que realmente o vício, não somos vagabundos ou usamos pq queremos e necessário a compreensão da doença.

    Entendo total o teu comentário pessoal, as vezes cansa ser "gente grande".

    Beijos

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