Me deu vontade de gritar ao mundo, toda a minha experiência com drogas, ao absurdo que essa escolha me levou. Não vou poupar palavras, palavrões, sentimentos, nenhum deles, todos seram ditos sem a menor maquiagem, afinal se não poupei minha vida, não será agora que vou medir palavras.

Tudo que ler é a mais pura verdade, como vivo agora e muitos momentos de meus diários, escrevi tudo esses anos todos. Não vou citar nomes verdadeiros, nem o meu, muito menos os daqueles que comigo dividiram esses 26 de vida no uso ativo de drogas. As informações que eu omitir será apenas para evitar que invadam minha privacidade, minha vida no momento.

Não sei que ordem vou dar a cada postagem, não sei se vou seguir ordem cronólogica. Vai assim do jeito que eu sentir vontade de contar. (Desculpem, se na forma de redigir contém erros seja eles quais forem eu sei que é agradável aos olhos ler algo sem erros, mas como não sou escritora e estou mais atenta aos sentimentos, é bem provável que vá acontecer mas vou tentar me policiar).

Caso queiram entrar em contato, para dúvidas, perguntas, alguma curiosidade - email:
existenciaativa@hotmail.com

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Instituição Psiquiátrica: Meu fim do poço!!

Quanto mais eu me via perdida em sentimentos, mais raiva eu ia criando dentro de mim, eu comecei a ficar com medo dos meus atos, comecei a ficar com medo de cometer alguma violência, por exemplo. Tentava sozinha encontrar algum meio de sair de onde eu havia chegado. Eu não sabia mais como havia chegado até aqui, mas queria mudar, queria sair (de preferência fumando maconha). Mas comecei a perceber de verdade que isso não era possível quando tive minha primeira crise nervosa. Eu vivia irritada, brigando por tudo, brigava com os meus e comigo mesma, eu estava ficando totalmente insana.
Num desses dias tive uma discussão com meu pai, nada demais coisa de família, mais eu senti um ódio tão grande, que não me reconheci comecei a xingar meu pai (imagina, coisa que jamais fiz na minha vida !) e se não tivessem me segurado eu seria capaz de bater no meu pai ( que absurdo isso,  que Deus me perdoe ). Nesse momento eu falei pra minha irmã eu não estou bem, eu preciso de ajuda, eu estou completamente doente; não sabia se era físico, emocional, psicológico, espiritual só sabia que tinha perdido meu controle.
Fui fazer terapia mais uma vez, dolorida, sofrendo e dessa vez falei do meu uso de droga, não a verdade por completo, mas admiti pra outro ser humano (não adicto) que era usuária de drogas, ela me ajudou, foi o começo. Mas eu ainda acreditava que eu era capaz de deixar de usar droga sozinha.
Eu vivia perdida em mim mesma, só eu e mais eu. Cheguei ao ponto de não me agüentar mais, cansada de tanto pensar e pensar e falar sozinha. Criando neuroses, teve uma delas em especifico que me perturbou demais (ainda não gosto de lembrar, na verdade as vezes ainda me perturba, coisa pra divã ), eu comecei a sentir nojo de certas coisas, eu falava pra minha irmã e ela não via lógica, ela tentava me dizer que não tinha nada demais, mas aquela cena ficava na minha cabeça eu não conseguia parar de pensar por mais que tentasse, ficava dias naquela confusão, com aquela imagem e idéia fixa! Pedindo a Deus que tirasse aquele pensamento da minha cabeça, mas não conseguia. Chorava sentia agonia, verdadeiro asco!
Num desses momentos de pensamento fixo, fiquei tão mal, chorando, nervosa, com medo e ódio dessas idéias fixas, que estava de novo numa psiquiatra. Contei ao médico o que estava sentindo, a primeira coisa que fiz quando cheguei no consultório, foi entortar todos os clipes que estavam na mesa . Eu falei “brincando”, doutor to ficando neurótica com esse pensamento fixo, ele me disse: sim, são sintomas de neurose. Não queria ouvir isso, mas era verdade.
A droga havia me destruído. Estava tirando minha sanidade.
Tive mais duas crises de TAG (transtorno de ansiedade generalizado).
Na ultima fui parar de novo no hospital psiquiátrico, me sedaram e dessa vez iam me deixar internada, quando eu acordei e vi aquelas pessoas a minha volta e percebi onde estava, aquela cena que eu via em filmes e que eu ia ficar ali me senti num pesadelo. Gritei a enfermeira e me tira daqui, pelo amor de Deus me tira daqui (e ao mesmo tempo pensava não posso gritar, não posso perder o controle senão eles não me deixam sair mesmo, se controla, se controla).
Implorei que chamassem minha irmã, eu chorava feito criança, falava eu não estou louca eu estou doente, mas louca não, eu não vou ficar aqui!! Falei pra minha irmã se responsabiliza por mim, assina qualquer coisa, mas me tira daqui. Ela me tirou sai no mesmo dia.
Voltei pra casa cheia de “tarja preta”, tomei esses remédios por um mês, falei pro medico não vou ficar tomando isso eu sou adicta eu vou usar isso pro meu mal e não quis me recusei a continuar me entupindo de mais drogas.
Depois desse momento, não dava mais, não dava.
Esse foi meu fundo de poço: instituição psiquiátrica (hospício) esse foi meu inferno completo, ficar louca não. Não mesmo!

7 comentários:

  1. Minha querida VIDA...
    fiquei completamente confusa agora...como pode ?Todos adictos que conheço ODEIAM as clínicas...mas ODEIAM mesmo...vários fugiram...e quando digo FUGIRAM...é como FUGIR de uma cadeia...
    É tão ruim assim, ou é a sensação de estar tendo de parar de usar as drogas??
    E por que você diz que a instituição psiquiátrica foi o seu inferno completo???

    beijos em você, mulhr de fibra!

    Saudades!

    Biazinha

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  2. Oi Bia,

    Não foi uma instituição para desintoxicar (uma clinica), foi um hospital pisiquiátrico (hospício).
    Depois de ter tido convulsão, overdose, e ficar num manicômio?! A não, isso não, eu não estava débil mental eu sou adicta. Eu sei que nesse lugar iriam me dopar por um mês mais ou menos até eu conter mais a compulsão, mas foi demais pra mim terminar oque um dia comecei por curiosidade, porque gostei e nesse momento estar nesse pesadelo, nesse inferno que pra mim seria ficar num hospício!
    Quanto ao fato de ficar em clínicas de desintoxicação, eu nunca passei por elas, mas creio que é pelo fato de se afastar da vida que levam e por saber que la não terá droga, que é hora de parar, não gostam mesmo, só aceitam quanto se esta na total decadência como eu cheguei. Ou de sentirem a mesma coisa que eu senti nesse momento: eu sou capaz de sair disso sem a necessidade de clinica, é muito dficil admitir que perdemos pras drogas!

    Somos de fibra!...rs
    Beijos

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  3. Bia, mas foi culpa minha que não deixei isso claro no texto, acrescentei lá um "hospicio"..rs
    Beijos Bialinda!

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  4. Olá amiga!
    Gostei da tua postagem. É a primeira vez que cá venho, vou seguir o teu blogue. Segue os meus também!

    www.congulolundo.blogspot.com
    www.queriaserselvagem.blogspot.com
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    Um abração

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  5. Oi Vida,

    Tem uma coisa que me intriga.
    As drogas eram puramente por prazer ou eram tambem uma fuga da realidade?
    Será que o seu fundo do poço foi constatar que essa "fuga da realidade" estava se tornando permanente?
    O aparecimento das neuroses veio reafirmar isso?
    Que a "loucura" das drogas estava te levando à loucura mental, diagnosticada, "de carteirinha"?
    O seu resurgir de Fenix, seria no momento em que percebeu que: -Isso ai eu não quero e não vou ser?

    Aguardo o proximo capitulo....
    Superar isso sem o auxilio das drogas (das tarjas pretas), é uma barra total...

    Bjo carinhoso querida.

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  6. Oi Lufe,
    Há duas respostas para tua primeira pergunta:
    1ªQuando eu ainda usava eu tinha absoluta certeza que era pelo prazer de usar a droga. Não enxergava além disso.
    2ªHoje que não uso mais, consigo perceber que havia prazer sim, mas uma total fuga da realidade.
    Não Lufe, meu fundo de poço foi o medo, muito medo de ficar débil, mas não tinha essa visão de permanência. Eu vou tentar explicar isso, dando um exemplo:
    Num dia qualquer do meu uso "Porque essas neuroses, pq essa idáia não me saia da cabeça, pq eu sinto nojo, pq eu to com vontade de fazer essa maldade, e se eu fizer??? será pq eu já sofri demais, será pq eu tive a overdose e ela afetou minha cabeça de algum modo, será que são sintomas da depressão, será que tem espíritos me perturbando,será que é o gardenal que está me fazendo mal, será que estou prestes a ter convulsão de novo, será que a minha menier (tontura) está piorando???????? Não consigo entender, penso e não encontro resposta isso me sufoca, não suporto meus pensamentos, não aguento mais ouvir mais minha voz vou fumar, preciso usar dorga pra relaxar...e relaxava e esquecia." Era isso isso Lufe, culpava tudo mas não admitia que fossem as drogas afinal ela me "acalmava" ela fazia eu esquecer tudo isso e assim que pensava e em cima dessa forma de ver a vida que agia...Somos diferentes, quando usamos.
    Essas perguntas que fez vou responder nos posts seguintes, já sem drogas, nesse momento não, não enxergava.
    O meu momento fênix, virá a seguir..rs
    Não é fácil, mas vc entenderá como consegui.
    Espero ter explicado.
    Beijos, fico muito feliz com vc aqui, não me deixe..rs falta pouco.

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  7. Eu também já andei pelos corredores de um Hospício.
    Mas saí de lá por não haver tratamento nesses hospitais. Há apenas um controlo sobre o nosso corpo em que as drogas administradas controlam a nossa vontade.
    Mas entrar lá com problemas e saír de lá curado...

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