Me deu vontade de gritar ao mundo, toda a minha experiência com drogas, ao absurdo que essa escolha me levou. Não vou poupar palavras, palavrões, sentimentos, nenhum deles, todos seram ditos sem a menor maquiagem, afinal se não poupei minha vida, não será agora que vou medir palavras.

Tudo que ler é a mais pura verdade, como vivo agora e muitos momentos de meus diários, escrevi tudo esses anos todos. Não vou citar nomes verdadeiros, nem o meu, muito menos os daqueles que comigo dividiram esses 26 de vida no uso ativo de drogas. As informações que eu omitir será apenas para evitar que invadam minha privacidade, minha vida no momento.

Não sei que ordem vou dar a cada postagem, não sei se vou seguir ordem cronólogica. Vai assim do jeito que eu sentir vontade de contar. (Desculpem, se na forma de redigir contém erros seja eles quais forem eu sei que é agradável aos olhos ler algo sem erros, mas como não sou escritora e estou mais atenta aos sentimentos, é bem provável que vá acontecer mas vou tentar me policiar).

Caso queiram entrar em contato, para dúvidas, perguntas, alguma curiosidade - email:
existenciaativa@hotmail.com

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Overdose

O meu corpo começou a cansar (o emocional já estava cansado há tempos) e quanto mais eu usava mais eu queria, não tem fim e algo doente, doente! Depois de ter usado mais um dia todo, como era de costume. A noite eu não estava bem a reação da droga estava estranha, eu peguei outra em outro lugar (porque quando eu passava mal achava que era a droga que estava misturada que não era “boa”, não porque não tinha comido quase nada o dia inteiro, ou nem lembrava se tinha tomado algum liquido, ficava tão cega que não conseguia perceber que não importava pureza ou não. É ela quem faz mal!! Mas não enxergava, por Deus não enxergava).
Voltei pra casa e usei dessa outra, me senti “melhor”, mas, não deu cinco minutos e eu comecei a sentir muita tontura, falta de ar e meu coração parecia que ia sair do peito, liguei pra minha irmã. Não to bem, fica comigo, comecei a andar pela casa, tudo rodava, lavei o rosto, tentei beber água fiquei mais sufocada ainda, comecei a perder os sentidos, ela chamou meu irmão e me levaram pro hospital.
Cheguei lá suando e tremendo, sentindo dores horríveis na barriga, pontadas na altura do peito quase sem respirar e perdendo a consciência.
O medico aos gritos comigo: que droga você tomou, o que você tomou menina? Cocaína sou viciada. ele dizia é overdose. E eu não parava de falar: não fala pros meus pais, não fala eles não podem saber; no carro eu falei com meus irmãos, conversa com os médicos, não deixem eles contarem pro pai e pra mãe ... cuida da nenê.
Só por Deus eu não tive uma outra convulsão, não tive parada cardíaca, fui atendida a tempo, fiquei até o dia seguinte.
Foi horrível é uma experiência horrível, é a verdadeira cara das drogas, esse é um dos fundos de poço, esse é um dos finais: a morte.
No dia seguinte quando recobrei a consciência e vi onde estava, onde tinha chegado, pensei que meu propósito em morrer quase tinha sido alcançado. Senti nesse momento uma saudade tão grande da minha filha e pensei meu Deus não posso deixar minha filha sozinha nesse mundo, ela já não tem o pai se ficar sem a mãe como ver ser o que vai ser dela. 
Meus pais não souberam, acharam que eu tinha tido uma convulsão, misturado com todo o quadro de depressão etc,  e ficou assim.

Eu estava com 38 anos. Totalmente perdida na minha vida. Me sentindo absolutamente só.
Sabia que precisava parar de usar cocaína, chorei muito. Mas como? O que eu iria fazer pra parar? O que?

10 comentários:

  1. Vida,

    E nessa época a sua filha já estava começando a perceber o mundo a sua volta. Ela já devia ter um seis anos, não é mesmo. Já começaria ficar dificil esconder dela o seu desequilibrio emocional. Isso pesa.
    Mas vamos continuar te escutando, o fundo do poço esta proximo, né?

    bjos

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  2. Ai Lufe isso é difícil, nessa época ela estava com 10 anos. Eu tentanva ser uma boa mãe, não batendo na minha filha, proporcionando tudo o que estivese ao meu alcance pra ela, mas ela às vezes via minhas crises de choro ou de raiva, nunca direcionada a ela, e nem imaginava o que comigo acontecia, quando eu percebia que ela notava alguma coisa, eu a colocava no colo e dizia, não fica triste a mãe ta com problema, mas a mãe resolve tudo tá e abraço e beijo e assim eu seguia. Fiz o que pude pra não deixar minha filha ser atingida pela minha doença e graças a Deus consegui!!
    A essas alturas já faziam 22 anos que eu usava drogas, restam alguns anos ainda. Muito tempo ne?, mas se eu pensar assim me entristeço, foi... O que importa agora é o hoje. E hoje eu não usei..rs
    Beijos, gosto muito de vc.

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  3. Isto mesmo minha linda!!
    O que inmporta é o HOJE...muito bem...nossa, enquanto escrevo aqui fico toda arrepiada de emoção por você!!!
    Cada dia de uma vez....devagar e SEMPRE a gente CHEGA LÁ!!!

    beijos no seu coração e sinta-se de mãos dadas comigo no seu dia a dia!!!

    Biazinha

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  4. Bom, tenho acompanhado você de cabo a rabo, e fico feliz com seus comentários em meu blog, lá são devaneios mesmo, tem muita coisa que não faz sentido, enfiim... Realmente vejo que isso não vale nada, espero que estejas bem... abraços de um leitor assíduo.


    FrancisAmérico

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  5. Isso mesmo , o que importa é o Hoje !!!

    Seu relato é válido como exemplo de
    que sempre é possível ...



    Adoro quando me visita ... :)


    Bjo Grandeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee.

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  6. Minha linda:

    SÓ POR HOJE....

    E amanhã você vai repetindo a mesma frase.

    Um beijooooooooooo!

    PS: Clarice Lispector é meu Caio F de saias, adorooooo!!

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  7. Sua coragem e sinceridade em dividir isso conosco me impressionam. O Seu empenho em superar me fascina.

    Que Deus esteja sempre com você!

    Abraços do amigo.

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  8. Oiii... gosto tanto de vir aqui no seu blog, pena que ultimamente tenho estado tão cansada e sem tempo, o que tem dificultado e muito as minhas visitas.
    E gosto muito qdo vc me visita e comenta pq vc sempre toca o dedo "na ferida" hehehe (de uma maneira super positiva). Sempre que vc comenta vc fala alguma coisa que me faz pensar demais nas minhas atitudes.

    Não acho que vc viajou, pelo contrário... eu sempre digo que meu "vício" é parecido com o vício de um drogado, alcoolotra. Claro que as consequencias do meu vício não são tão devastadoras mas amiga, te juro, é um vício tbem. A mesma compulsão que um drogado sente, eu tbem sinto... afff.
    Se eu te disser que as vezes eu deito na cama para assistir uma TV e não consigo prestar atenção pq estou pensando em comida e não consigo desviar o foco para outra coisa???
    e dureza. Mas são exemplos como o seu que me fazem acreditar cada vez mais que eu vou conseguir.
    Obrigada!!!

    Este finds vou ler com carinho o seu blog.
    Beijos

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  9. Oi..Obrigada pela visita! Apesar de não entender porque escreveu aquilo tudo para mim..Sorte! Bju

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  10. Oi Bialinda!
    É assim que tem que ser, logo explico melhor esse só por hoje.
    Confio em vc , vc sabe..rs

    Beijos lindo final de semana!

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    Oi Francis
    Fico tão feliz em saber que me acompanha e mais feliz ainda por deduzir que essa vida de drogas não vale nada mesmo! Muito bom isso, só esse teu comentário vale ter escrito tudo isso.
    Beijos, bom de semana

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    Oi Malu
    Ainda bem que sempre há uma esperança, senão vcs nem iriam saber da minha existêcia..rs

    Beijosss, divirta-se, final de semana.

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    Oi Sil
    Sim, não chega a ser um mantra..rs, mas as minhas atitudes hoje, são as que importam.
    Beijos otimo final de semana!

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    Oi Marcos,
    Se não for a verdade não quero!..rs
    Menti demais pra viver nesse mundo, meio que "invisivel", pra família não perceber e acima de tudo menti demais pra mim, chega não tolero uma mentira mais sequer minha ou de quem for. Então é verdade é ponto..rs
    Amém, com vc tb.
    Obrigada pelo carinho.
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    Oi Roberta,
    Então..às vezes me dá vontade até de falar mais. Mas, vc vai perceber em minha história, pontos em comum de como faço pra controlar minha compulsão e vamos trocando figurinhas..rs
    Nem imagina o quanto sei exatamente oque diz, é isso mesmo é a mesma atitude compulsiva, entendo que o alimento não é monstruoso como as drogas, mas da forma que você o consume não te deixa feliz, esse é o ponto não estar bem com o que faz.
    Eu não tenho duvida que vc consegue. Não é facil, eu sei, brigo todo dia..rs mas não é impossivel, não mesmo!
    Beijos linda, fica ocm Deus.
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    Oi Lara
    O que deixei em teu blog é apenas a apresentação que deixo em todos, quem sabe pode interessar ou não, só isso.
    Beijos obrigada pela vinda.
    Sorte à vc tb!

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