Me deu vontade de gritar ao mundo, toda a minha experiência com drogas, ao absurdo que essa escolha me levou. Não vou poupar palavras, palavrões, sentimentos, nenhum deles, todos seram ditos sem a menor maquiagem, afinal se não poupei minha vida, não será agora que vou medir palavras.

Tudo que ler é a mais pura verdade, como vivo agora e muitos momentos de meus diários, escrevi tudo esses anos todos. Não vou citar nomes verdadeiros, nem o meu, muito menos os daqueles que comigo dividiram esses 26 de vida no uso ativo de drogas. As informações que eu omitir será apenas para evitar que invadam minha privacidade, minha vida no momento.

Não sei que ordem vou dar a cada postagem, não sei se vou seguir ordem cronólogica. Vai assim do jeito que eu sentir vontade de contar. (Desculpem, se na forma de redigir contém erros seja eles quais forem eu sei que é agradável aos olhos ler algo sem erros, mas como não sou escritora e estou mais atenta aos sentimentos, é bem provável que vá acontecer mas vou tentar me policiar).

Caso queiram entrar em contato, para dúvidas, perguntas, alguma curiosidade - email:
existenciaativa@hotmail.com

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

E agora?

O que eu iria fazer uma criança pra criar, uma casa pra cuidar com todas as responsabilidades que isso implica, eu uma total dependente de drogas, sentindo a pior das dores emocionais, me sentindo mais sozinha do que nunca em toda minha vida. Percebendo que minha saúde estava debilitada.
Meu físico, emocional e espiritual destruídos.
Os amigos aos poucos se afastaram, maioria casados cuidando de suas próprias vidas. Existe a lei da troca no mundo, se você procura é procurado senão fica só, eu não sentia mais a menor vontade de ir a lugar algum.
O que me passava na cabeça após a morte do meu marido era: eu já fiz de tudo, sei de tudo, conheço tudo, estudei, trabalhei, viajei, convivi com pessoas loucas e normais, os loucos pouco se importam com minha decadência, os normais não sabem de nada, sai com os homens que quis, realizei fantasias, sou mãe, fui a diversas religiões, li muitos livros, vivi nos dois mundos, e nada absolutamente nada me atraia, a vida daqui pra frente não vai ser novidade, só uma eterna repetição do que já fiz! Era exatamente assim que pensava, nada tem mais graça, beleza, acabou.
Eu até tentei não voltar pra drogas, mas eu odiava o mundo a vida como ela é. Eu não entendia mais como se vive sem drogas. Eu não sabia viver sem drogas.
Pensava, bem...vou viver “no automático”, continuo usando drogas, e no mais seja o que Deus quiser.
Eu muito raramente saia, é quando saia não gostava, não me identificava com nada, comecei aos poucos a me isolar “um não vou hoje, outro amanha” e foi tomando proporção. Numa postagem atrás eu disse que a minha opção de isolamento estava começando e nesse momento da vida ela foi se concretizando.
Minha filha crescendo, eu me isolando, saia somente por ela, por ela ainda tentava alguma coisa, ia a parques, levava pra passear, ela precisava ter uma vida normal, ria por ela, brincava por ela. Mas era assim eu sai por no máximo 2, 3 horas era o tempo que eu conseguia ficar sem droga. Depois disso já começa a passar a mal, tinha que usar (e não saia drogada tinha medo de deixar algo acontecer a ela).
Nesse momento o controle que eu mantive por tantos anos foi por água a baixo, a droga era quem mandava agora, e eu não me importava afinal eu não sabia viver de outra forma.
Eu não conseguia (mal consigo até hoje) lembrar como eu era antes de usar droga, não sei... essa pessoa se perdeu no passado.
Se eu já tinha tendência à depressão nesse momento ela ficou mais evidente. Se eu já tinha tendência à doença da adicção, desse momento em diante ela tomou conta por completo.
Houve momentos que eu não suportava mais procurar respostas e não via nenhum amigo, nem um ser que fosse um pouco mais complexo e vivido do que eu, que pudesse me ajudar, fui fazer terapia, mas eu não falei que usava drogas, ou seja, não ajudou em nada (isso é muito importante: eu acreditava que minha vida tinha se tornado um pesadelo por todos os acontecimentos pessoais, mas jamais culpar as drogas, elas não, elas são minha vida, como eu poderia dizer pra alguém que usava e essa pessoa dizer pra eu parar de usar, a escolha? Mandar a pessoa sumir da minha vida, ficava com as drogas).
Havia no meu caso um relacionamento afetivo com as drogas, é ate absurdo isso, mas é verdade, no decorrer desses anos todos, só vivi dessa forma, a droga me acalmava me fazia esquecer, me relaxava, era terreno que pisava e conhecia, nesse mundo eu entendia tudo, nesse mundo eu sabia viver. Mesmo consciente que eu estava viciada, não tinha a consciência de algo pior, ou melhor, tinha sim, afinal depois que meu marido morreu, eu queria morrer e esse caminho era lento, mas eu sabia que mais cedo ou mais tarde eu iria sair desse mundo Mas era a minha dor pela morte falando mais alto.
Mas não conseguimos enxergar que é cadeia, instituição ou morte o final do caminho de quem usa droga. Ainda existia a ilusão de que comigo não!

(Desse momento em diante, até eu parar de usar droga, são anos de muita confusão emocional, anos que  somente eu senti de forma muito intensa, mas de um vazio tão absurdo que olhando pra trás só consigo ver páginas em branco).

8 comentários:

  1. Minha Linda, minha amiga, VIDA amada!

    Puxa, fico feliz ao te ler e saber que hoje está limpa...a sua FILHA deve ser uma de suas razões por escolher estar VIVA...falo isto pois tenho uma sobrinha linda e que amo muito....e que como não tive filhos,ela é como se fosse...e quantas vezes ela já me impulsionou à continuar esta jornada maluca que é a vida!

    Gosto de você, moça bonita!

    Um beijo em seu coração sempre!

    Bia

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  2. Lindinha...desejo um bom final de semana!!!!

    Beijos com carinho!!!

    Biazinha

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  3. Fiquei impressionada com sua postagem, tem muita coragem em assumir suas falhas...

    Tem um selinho pra retribuir seu carinho com meu blog, espero que goste!

    Bjus

    http://daniellesou.blogspot.com

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  4. Minha querida ...já faz parte de meu coração!Criei por você um carinho mesmo especial e acabei de ler o que escreveu lá em meu blog e saíram lágrimas de meus olhos!...Como você é querida por mim!...

    Li o que me escreveu e repeti algumas vezes...OBRIGADA!!!Do fundo do meu coração OBRIGADA!!!

    Deixo um beijo e um abraço bem apertado em você, Vida!!!!

    E um desejo de ótimo sábado!

    Biazinha

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  5. Oiii
    Toda vez que venho aqui fico mais impressionada com sua força, coragem.
    Li abaixo sobre a perda do seu marido.

    Nunca sei muito o que escrever mas queria deixar um comentário para vc saber que eu passo sempre por aqui.

    Beijos
    Ah... posso te fazer uma pergunta? quanto tempo vc está sem drogas?

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  6. Estou aqui só para te dar os meus parabéns pela coragem.

    José.

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  7. Oi Bia,
    Minha filha é o melhor acontecimento da minha vida, amo incondicionalmente.
    Que bom que o que eu deixei pra ti, te fez bem, use sempre e muito bom.
    Beijos, vc sabe que é especial pra mim

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    Oi Dani,
    E mais que necessário que eu admita minhas fraquezas, só assm posso mudar.
    Selo!!! Que barato...rs vou buscar
    Muito obrigada, beijos

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    Oi Roberta,
    Que bom que está aqui, sozinha eu não consigo!
    Estou limpa e livre há 1 ano e 8 meses.

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    Oi José
    Muito obrigada pela vinda.
    Eu comecei fingindo que tinha coragem, até que ela surgiu..rs
    Pena não poder me expor mais (foto por ex)mas não dá, não tenho a menor tolerância pra ser julgada.
    Beijos boa semana
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    Boa semana à todos!!

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  8. Tem um jogo no meu blog, tomei a liberdade de colocar você também para jogar. Topas? Se sim poste no seu com suas próprias respostas.

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