Me deu vontade de gritar ao mundo, toda a minha experiência com drogas, ao absurdo que essa escolha me levou. Não vou poupar palavras, palavrões, sentimentos, nenhum deles, todos seram ditos sem a menor maquiagem, afinal se não poupei minha vida, não será agora que vou medir palavras.

Tudo que ler é a mais pura verdade, como vivo agora e muitos momentos de meus diários, escrevi tudo esses anos todos. Não vou citar nomes verdadeiros, nem o meu, muito menos os daqueles que comigo dividiram esses 26 de vida no uso ativo de drogas. As informações que eu omitir será apenas para evitar que invadam minha privacidade, minha vida no momento.

Não sei que ordem vou dar a cada postagem, não sei se vou seguir ordem cronólogica. Vai assim do jeito que eu sentir vontade de contar. (Desculpem, se na forma de redigir contém erros seja eles quais forem eu sei que é agradável aos olhos ler algo sem erros, mas como não sou escritora e estou mais atenta aos sentimentos, é bem provável que vá acontecer mas vou tentar me policiar).

Caso queiram entrar em contato, para dúvidas, perguntas, alguma curiosidade - email:
existenciaativa@hotmail.com

domingo, 21 de novembro de 2010

O outro lado da moeda na reação das drogas

Seis anos após a morte do meu marido, seis anos de vida apática, de mal estar, tonturas, uso abusivo e diário de cocaína e às vezes um baseado pra poder me acalmar.
Se quando eu cheirei ou injetei cocaína pela primeira vez foi “a melhor sensação do mundo”, agora já não era mais. Agora as drogas me mostravam sua verdadeira face.
A reação da cocaína e dividida em três etapas:
Primeira:
- Na primeira meia hora eu ainda conseguia ter energia, falar nem que fosse com as paredes, fazer as coisas, achar que tudo estava bem ( no começo esse bem estar é  mais duradouro).
Segunda:
_O momento do desespero, onde a reação “boa” está acabando e eu queria, precisava cegamente de mais uma dose, se não tivesse ou já não agüentasse mais usar, era o pior momento: eu queria relaxar, mas não conseguia, eu estava muitas vezes cansada, exausta, mas meus olhos não fechavam, eu tentava deitar e “fritava” de um lado pro outro da cama. O coração disparado, a adrenalina a mil por hora, tomava banho, bebia água, tentava comer algo (coisas que esquecia completamente quanto estava chapada), pra tentar me acalmar (no começo isso não existe, se existe é muito leve).
Terceira:
_ Quando conseguia relaxar, vinha a depressão, eu sentia ódio de mais uma vez ter passado por isso e comecei a jurar pra mim mesma que iria ao menos diminuir, chorava e via que estava me afundando, mas não via saída, dormia não sem antes fumar maconha, porque sono natural já tinha há muito tempo.

 E no dia seguinte o inferno de novo: ser literalmente acordado pelo próprio organismo, “gritando” por droga era questão de 10 minutos no máximo pra eu ter esquecido todo esse processo e começar tudo de novo, mesmo chorando, mesmo tendo prometido pra mim mesma que nesse dia não usaria, a compulsão é tanta que esquecia tudo.
E assim que a doença funciona, não pense que controlamos ou até mesmo que não queremos, simplesmente não conseguimos. Não nesse momento, não antes do fim do poço.

10 comentários:

  1. Apesar de não te comentar tenho seguido todos os capitulos da tua ex vida...ilude se aquele que pensa que usar drogas dá alguma coisa de bom...
    Beijo d'anjo

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  2. É uma loucura, tudo isso. O máximo de drogas já usei e eventualmente uso é álcool e maconha. Uma vez aspirei lança perfume e me deu uma taquicardia tão grande que me apavorei e nunca mais experimentei. Tenho pânico de tudo que é estimulante. Mas tenho amigas que já passaram por tudo isso que você passou, por isso, SEI o quão difícil é dar a volta por cima. Por isso mesmo o mérito de quem conseguiu é tão grande. O problema da dependência química é que você só descobre que tem quando já está afundada de corpo e alma no poço de lama... e aí, muitas vezes pode ser tarde demais. Ainda bem que pra você não foi. Parabéns pela vitória.
    Bjs!

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  3. Sempre contundentes teus depoimentos, os relatos dolorosos de momentos que vc, graças a Deus, já superou. Espero que esses relatos sirvam como um alerta para outros jovens.
    Parabéns pela sua superação diária.
    Beijokas e uma semana linda pra vc.

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  4. Poxa seus relatos são extremamente profundos. Escrevi um blog na tentativa de deixar algo assim aquilo que conheci, vivi e aprendi. Mais que admirado por te ver conseguir expressar isso tens em mim um fã por conseguir expressar de maneira doce e contundente tudo o que viveste

    Um abraço e minha porta sempre aberta pra você.

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  5. Oi Sonho

    E pura ilusão mesmo, pena que descobrimos muito tarde.
    Obrigada por estar me acompanhando.
    Beijos boa semana.

    _____________________________________________
    Oi Larissa,
    rs..confusão resolvida!
    Vc disse: "O problema da dependência química é que você só descobre que tem quando já está afundada de corpo e alma no poço de lama... e aí, muitas vezes pode ser tarde demais."
    Então esqueça o eventualmente, droga é mais traiçoeira do que qualquer um pode imaginar, eu começei exatamente com maconha e álcool.

    Que bom que veio, agradeço!
    Beijos boa semana.

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    Oi Lua,
    Tomara que alguém que usa só de vez em quando, ou que esteja começando agora, não se atreva como eu me atrevi, o preço a se pagar é muito, muito alto! Muitos leões mortos..rs
    Beijos, semana igualmente pra vc.

    ____________________________________________
    Oi Marcos
    Feliz de ver vc aqui!
    Quando pensei em fazer esse blog, não pensei muito, fiz. Sem a menor pretenção, fosse de me ajudar ou ajudar alguém, que servisse ao menos como alerta. Mas algo me diz que o resultado sera muito bom (nem que seja pra mim..rs)
    Faça o teu, jogue os bichos pra fora. Só não tive a coragem de me expor (foto) pra não ficar estigmatizada. E assunto complicado esse, e infelismente há aqueles que verão com preconceito.

    Muito obrigada pelas palavras de carinho e incentivo.
    Beijos boa semana.

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  6. Eu acho que ao divulgares aqui, as tuas vivencias, e esta vitória soubre a droga, vai alertar outras pessoas para que não se metam, num lugar de onde é tão difícil sair.

    um abraço,
    José.

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  7. Sei bem o que é essa sensação de abstinência. No meu caso foram drogas lícitas. Mas muito pesadas. Comecei com comprimidos de barbitúricos, 4 pra aliviar a tensão. No final eu tomava de 30 a 50 comprimidos de todos os tipos. Eu não andava mais porque tinha perdida a coordenação motora.

    Nesse inferno nossa vida se resume em tomar uma dose e buscar a próxima dose, e a próxima dose não caí do céu, tem que ser batalhada, aquilo se torna um suplício...

    Sair das drogas foi uma das piores fase que passei. Dois meses sem quase dormir, tremedeiras, um mal estar brutal, vomitos, diarréia e tudo mais que vc já sabe...

    Obrigada por sua visita! Vou te seguir!

    Beijocas

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  8. Oi José,

    Sei que sem querer nada importa, mas tomara!

    Beijos

    ____________________________________________
    Oi Dama que bom que veio!!
    Exato, tem algumas postagens próximas que vou contar a retirada das drogas, um inferno.
    Senti tudo isso que descreveu, identifico..rs

    Eu que te agradeço por estar aqui.
    Beijos

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  9. Minha querida Vida...

    que loucura as DROGAS...
    Andei pensando que você deveria escrever um livro sobre toda esta tua experiência...podemos conversar sobre isto depois se voc~e quiser...pois irá ajudar muita gente.

    beijos no coração,

    Bia

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  10. Oi Bialinda!

    É uma total loucura sim.
    Será Bia? A idéia é boa, sei que pra escrever um livro não falta conteúdo , mas eu nem imagino como poderia fazer isso, se alguém se interessaria pelo projeto, sei la é algo a se conversar...Quem sabe! Eu só sei que sozinha não consigo..rs
    Beijosss

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