Me deu vontade de gritar ao mundo, toda a minha experiência com drogas, ao absurdo que essa escolha me levou. Não vou poupar palavras, palavrões, sentimentos, nenhum deles, todos seram ditos sem a menor maquiagem, afinal se não poupei minha vida, não será agora que vou medir palavras.

Tudo que ler é a mais pura verdade, como vivo agora e muitos momentos de meus diários, escrevi tudo esses anos todos. Não vou citar nomes verdadeiros, nem o meu, muito menos os daqueles que comigo dividiram esses 26 de vida no uso ativo de drogas. As informações que eu omitir será apenas para evitar que invadam minha privacidade, minha vida no momento.

Não sei que ordem vou dar a cada postagem, não sei se vou seguir ordem cronólogica. Vai assim do jeito que eu sentir vontade de contar. (Desculpem, se na forma de redigir contém erros seja eles quais forem eu sei que é agradável aos olhos ler algo sem erros, mas como não sou escritora e estou mais atenta aos sentimentos, é bem provável que vá acontecer mas vou tentar me policiar).

Caso queiram entrar em contato, para dúvidas, perguntas, alguma curiosidade - email:
existenciaativa@hotmail.com

sábado, 6 de novembro de 2010

Arrancaram minha metade!

Estávamos a um mês limpos, felizes, cheios de planos, tínhamos conseguido! Eu principalmente tinha conseguido ficar sem droga, era uma vitória pessoal, não sabia como iria encarar o mundo, mas meu marido estava comigo e acima de tudo a nenê, então valia a pena tentar.
Planejamos um acampamento, desde que eu havia ficado grávida, praticamente não tínhamos mais saído de casa, estava na hora de voltar à vida e dessa vez iríamos levar nossa filha.
Era uma terça feira 09 de janeiro. Eu fui ao medico com a nenê, pra ver que cuidados eu precisa ter com ela (repelente, alimentação, toda prevenção necessária pra se levar uma criança pra acampar).
Quando voltei pra casa, senti algo estranho, o dia na verdade estava estranhamente calmo. Abri o portão, meu irmão veio pegar a nenê do meu colo, eu perguntei o que foi ele não disse nada, na frente estava minha irmã, meu cunhado e o Eri me esperando, eu perguntei o que foi, o que aconteceu, aconteceu alguma coisa com o meu pai? ( meu pai não andava bem de saúde por aqueles dias) e minha irmã me falou: Foi teu marido.
O que houve com ele?... Ele morreu! Como assim... é brincadeira é mentira, é mentira e desmaiei, voltei minutos depois, meu cunhado me pondo no sofá e no primeiro instante nem chorar conseguia, quis saber o que tinha acontecido. Disseram que foi acidente de moto na marginal, extremamente violento ( não consigo descrever os detalhes, dói demais isso). O caixão dele estava lacrado. Ele tinha 30 anos, saudável, lindo, uma das raras pessoas que conheci, que convivi, que amava a vida, como eu até hoje não consegui amar.
Meu mundo acabou nesse momento, nós não éramos um simples casal, nos éramos o casal!. Nos amávamos de verdade. Perdi meu marido, amigo, companheiro, pai, filho, perdi pra morte, acabou.
Passei um ano na casa dos meus pais, não conseguia voltar pra minha casa, voltei pra desmontar moveis, queria mudar tudo.
Enlouquecia gritando, chorando me batendo, que dor absurda a de se perder quem se ama pra morte, dor maldita.
Não me importava mais com nada, já não tinha mundo que me coubesse, nem nas drogas, nem o normal, foi muito doentio esse momento na minha cabeça, na minha dor, na minha vida.
Nem minha filha me importava eu não me importava com nada, só queria morrer e mais nada.

Um ano depois comecei aos poucos a reagir, não conseguia trabalhar, comecei a receber pensão do meu marido ainda bem, eu não sabia mais o que fazer com  a falta de dinheiro. Eu tinha uma filha pra criar e toda uma casa pra sustentar, estava de volta à minha casa, só eu e minha nenê, com toda a dor do mundo. Mais apegada a Deus a minha fé, do que nunca na minha vida (foi minha fé, independente de religião que me fez recomeçar depois desse maldito acontecimento).
Mas nada mais me alegrava, saia com minha irmã e amigos delas, mas não via graça em nada, voltei a me relacionar e foi horrível, sentir outro corpo, porque não era aquele que eu queria. Nada estava bom, nada prestava, nada!
O choque foi tamanho, que aquela tontura que eu vinha sentindo há anos, se instalou de vez, me tornei doente, nem sabia o que tinha mas estava doente, física, emocional e espiritualmente. A idéia de morrer não saia da minha cabeça e qual o caminho que eu conhecia?.. Das drogas, voltei a usar pra literalmente morrer, voltei a injetar, voltei a cheirar, às vezes fumava maconha, porque era também uma forma de tentar amenizar a dor. Queria sumir desse maldito mundo, não pensava em outra coisa. Nem na minha filha, minha família nesse momento foi fundamental, cuidaram, não somente dela como de mim também.

Nossa!, vocês tem idéia de como foi difícil escrever isso, eu queria dar mais detalhes, mas eu não consigo.Vai fazer 12 anos que meu marido morreu e eu o amo, sempre amei e sempre vou amar. Nem é luto, é amor. Fiz terapia, estive em religiões, conversei com pessoas que havaim passado por essa experiência pra tentar aceitar essa dor e entender esse sentimento que esta além da morte.

8 comentários:

  1. Oh, minha linda...triste demais perder alguém amado...triste...triste...triste...sua vida não foi fácil...mas fico feliz por saber que está limpa, encarando o dia a dia como é...com dias melhores...dias piores...mas de olhos abertos...
    O lugar que seu marido conquistou em seu coração é dele e será sempre dele...isto chama-se amor...e que bom que sentiu isto e sentirá´para todo o sempre!
    E que bom que tem de seu marido o que de mais lindo ele poderia lhe dar: sua filha!!!Sangue do sangue dele e que ela sempre te de forças para continuar!!!

    Um beijo em seu coração!

    Bia

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  2. Caramba foi um choque saber isso, não imaginava que ele tinha morrido, eu imagino como deve ser a dor de tentar descrever mais creio que você se abrir dessa forma aqui pra nós deve estar te fazendo muito bem, eu pelo menos acho isso, de qualquer forma você está mostrando pra muitas pessoas qual é a desse mundo ai de loucuras. Se cuida heim...

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  3. Vida, passei para te encher de beijos, fazer você sorrir e te dizer assim...Gosto doxê viu menina lindaaaaaaaaaa!
    Fica om Deus

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  4. Oi, tenho acompanhado teus posts e tbm não imaginava que ele tivesse morrido... Deve ter sido muito dificil pra voc, e eu nem imagino o quanto... Mas te desejo toda força do mundo, voc com certeza éh forte por tudo que já passou... Se cuida. Beijo.

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  5. Muito triste.

    Perder para a morte e perder alguém tão novo.

    Escrever faz bem, liberta, lava e enxagua a alma.

    Não estou lendo na ordem, comecei no primeiro post mas vou lendo para frente, para trás, aos poucos.

    Um abraço!

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  6. Difícil dizer o que sinto, mas entendo bem o seu sofrimento passado.

    No meio da tragédia, da recuperação, o marido morre...
    Só você pode escrever por si e os outros podem ler, mas nada podem dizer!

    Agarre-se à vida, com força e nada mais a pode
    afundar.
    A dor maior se diluiu com o tempo...não morreu...
    mas diluiu...não pense ser diferente de outras pessoas...pense sempre, eu sou igual, o passado
    morreu há muito! E quem não tem coisas a esconder? Ninguém!

    Não pense ser uma pessoa doente, débil que pode caír...não é!
    É uma pessoa forte que desceu ao submundo, sofreu
    voltou intacta...Igual a todos!
    Qual a diferença? Sofreu mais, sim...da doença se
    libertou para sempre...da saudade de quem morreu,
    não!
    E essa, é mais difícil do que a outra.
    Esqueça a outra!
    Viva por aquele que morreu,
    pela família, pela vida.
    Não se sinta pessoa marcada!
    Não se sinta diferente dos outros!
    E agarre a vida por si, apenas por si...apenas
    para si e se liberte, de pensamentos nebulosos
    que conduzem ao nada...e não são nada!

    Desculpe, mas me chamou a atenção!

    Escrevo poesia. Espero por si.

    Maria Luísa

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  7. Obrigada por gostares do meu longo texto, traduzido em comentário.
    Fiquei feliz por ti e por mim!

    Luto pelos deserdados, pelos sem guarida, pelos esquecidos, pelos sem fronteiras, pelos abandonados, de uma sociedade corrupta que não ajuda e despreza.

    Conheço os teus problemas e dentro em pouco, começas a escrever coisas menos densas e solitárias e é uma forma de entrares numa vida
    normal, sem traumas, nem complexos.

    Eu sou quem procuravas no mundo virtual!...

    Sei muitas coisas, conheço muitas pessoas, muitos casos e tenho contactado com individuos (as) muito próximos de ti, inclusivé psicólogos.

    Deixa teu nome nos meus seguidores.

    Beijos e obrigada,

    Maria Luísa


    E dentro de nosso País, de nossa Pátria, podemos ser tudo isso.

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  8. Oi Bia,
    Se por um lado, sofri, mas não é dor exclusiva. Por outro comparo meu casamento com os de tantas pessaos que passam 20, 30 anos uma vida toda de infelicidade, e os anos que estivemos juntos,mas independente das drogas, foram intensos de amor, então foi mais que valido. E acima de tudo o presente maior que ele deixou, minha filha.
    Beijos querida

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    Oi Francis,
    Não é dor fácil, mas passamos, todos nós mais cedo ou mais tarde.
    Esse mundo de droga é uma droga, o nome já diz tudo.
    Obrigada pela presença. Beijos

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    Oi Rosane,
    Beijos mulher romântica, é com certeza sempre apaixonada, independente de ter alguém..rs

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    Oi Nini,

    Se há um saldo positivo nessas experiências, esta exatamente na força que adquirimos com elas.
    Me cuido, te cuide tb. Beijos

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    Oi Lily
    É triste sim, doi por demais.
    Mas está além de nós o controle do tempo.
    Fique a vontade, leia como quiser..rs
    Beijos

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    Oi Maria Luisa

    Como disse em tua página tuas palavras de sabedoria de vida me tocaram, me fizeste bem.
    Tem toda razão ao dizer que logo mais postarei coisas menos densas é pode ser o principal motivo de ter criando essa página.
    Espero poder passar o que vivo agora, um pouco de força, fé e esperança, porque vivo entre meus iguais, esquecendo aos pocuos as diferenças.
    Não sei se procurava alguém..rs(na verdade sempre esperamos algo, estou sendo irônica, mas tens razão) e se for vc, será mais que bem vinda!
    Beijos com todo meu carinho e respeito.

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