Hoje percebo que parar com as drogas é difícil sim (porque vontade de usar drogas com menor ou maior intensidade é algo que sempre vai existir dentro de mim) tem que ter muito querer, ser forte, mas não é impossível (desde que não estejamos sozinhos e queiramos de verdade).
O mais difícil é mudar os sentimentos, pensamentos, e essa mudança é imprescindível, porque senão volto ao uso, isso é certo.
Essa parte pra mim é a mais difícil.
Deixar de lado, exemplos: manipulação, auto-piedade, ódio, isolamento, euforia, raiva, medo e aceitar a humildade, boa vontade, mente aberta, serenidade, ação, auto-aceitação, ação produtiva, fé, socialização etc. Difícil lidar com novos sentimentos e deixar de lado as máscaras é uma vida toda a ser mudada.
Admitir que sou impotente perante as drogas, que eu não tenho controle sobre elas, isso eu admito com facilidade, sou impotente sim, ela quem manda, como não quero ser mais mandada, fico longe dela. Evito lugares, pessoas e hábitos.
Só por hoje, apesar de ser “lugar comum” essa frase é fundamental na minha vida eu não consigo pensar que eu nunca mais vou usar droga, isso me apavora tanto que dá vontade de usar, mas só por hoje é possível, ontem passou, amanha posso fazer qualquer outro plano pra minha vida, desde que não inclua drogas.
A idéia de “nunca mais” ou “pra sempre” é algo descartado do meu vocabulário.
Eu usava drogas para esconder os meus sentimentos e dizia pra mim eu consigo controlar, na tentativa de fazer qualquer coisa para não encarar a vida como ela é. Fuga da realidade. Com isso a doença só progredia. Ninguém entendia, médico nenhum entendeu, eles queriam me ajudar com medicamentos (mais droga). As pouquíssimas pessoas que sabiam não entendiam afinal eu parecia ser forte, porque não conseguia parar? Ou será que ela usa droga? Ah, ela não!
Meus sentimentos, pensamentos é que necessitavam de mudanças. Eu, mais cega do que todos, me afastando do mundo, vegetando e gritando em silêncio.
Não existe adicto social, culpava tudo ao meu redor pela minha decadência, era a depressão, o pânico, a morte do meu marido, o mundo, a vida, Deus. Afinal precisava de desculpas pra continuar usando.
Porque estou dizendo isso, porque qualquer forma de sucesso era estranha e assustadora, quanto mais essa auto–aversão crescia, mais eu precisava usar para fugir e fugir...fugir de responsabilidade, de disciplina: tenho dificuldade pra lidar com isso. Agora é hora de voltar à realidade, experimento uma variedade de sentimentos que estavam anestesiados esses anos todos, muitos me assustam não os conhecia, não sei como lidar, peço ajuda, peço orientação. Não tenho vergonha em admitir fraquezas não consigo e pronto, ou eu consigo sim, não tenho esse orgulho desnecessário. É uma grande dádiva me sentir humana novamente e não um bicho acuado com medo e ódio de tudo.
Me acho até bonita hoje..rs, minha auto estima volta, ou melhor, começo a conhecer ela agora . Respeito o meu corpo, aceito que tenho que mudar e mudo aos poucos dentro do que vou compreendendo, essa aceitação é o que me leva a recuperação.
Não sou responsável pela minha doença, mas sou responsável pela minha recuperação.
Me deu vontade de gritar ao mundo, toda a minha experiência com drogas, ao absurdo que essa escolha me levou. Não vou poupar palavras, palavrões, sentimentos, nenhum deles, todos seram ditos sem a menor maquiagem, afinal se não poupei minha vida, não será agora que vou medir palavras.
Tudo que ler é a mais pura verdade, como vivo agora e muitos momentos de meus diários, escrevi tudo esses anos todos. Não vou citar nomes verdadeiros, nem o meu, muito menos os daqueles que comigo dividiram esses 26 de vida no uso ativo de drogas. As informações que eu omitir será apenas para evitar que invadam minha privacidade, minha vida no momento.
Não sei que ordem vou dar a cada postagem, não sei se vou seguir ordem cronólogica. Vai assim do jeito que eu sentir vontade de contar. (Desculpem, se na forma de redigir contém erros seja eles quais forem eu sei que é agradável aos olhos ler algo sem erros, mas como não sou escritora e estou mais atenta aos sentimentos, é bem provável que vá acontecer mas vou tentar me policiar).
Tudo que ler é a mais pura verdade, como vivo agora e muitos momentos de meus diários, escrevi tudo esses anos todos. Não vou citar nomes verdadeiros, nem o meu, muito menos os daqueles que comigo dividiram esses 26 de vida no uso ativo de drogas. As informações que eu omitir será apenas para evitar que invadam minha privacidade, minha vida no momento.
Não sei que ordem vou dar a cada postagem, não sei se vou seguir ordem cronólogica. Vai assim do jeito que eu sentir vontade de contar. (Desculpem, se na forma de redigir contém erros seja eles quais forem eu sei que é agradável aos olhos ler algo sem erros, mas como não sou escritora e estou mais atenta aos sentimentos, é bem provável que vá acontecer mas vou tentar me policiar).
Caso queiram entrar em contato, para dúvidas, perguntas, alguma curiosidade - email:
existenciaativa@hotmail.com
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
Desintoxicação de comportamento
Uma das características do adicto é o vicio de comportamento e eu tinha muitos a serem mudados (ainda tenho, vou me percebendo e aos poucos mudando).
Mas a principio:
Voltar a acredita em Deus, ter fé. Acreditar que um Poder Superior maior que eu, maior que as drogas, está ao meu lado e ele é bom ( porque tenho uma visão de um Deus que pune, castiga, onde tudo é pecado, aos poucos volto a ver que Deus é amor. E amor é bom).
Não foi fácil reaprender a viver, a fazer coisas simples:
Reaprender a andar na rua:
Quando eu sai limpa pela rua, não para ir atrás de droga, eu não conseguia andar direito, meu corpo parecia travado, eu havia esquecido como eram meus passos, era difícil o simples ato de andar lúcida, sem a tensão de usar droga ou de estar drogada. Eu havia esquecido como é o horizonte. Um outro mundo existia!
Reaprender a conversar:
Conversar com as pessoas, mesmo que fosse do comércio, ou vizinhos, olhar nos olhos das pessoas e eu mesma ouvir minha voz e perceber que sou capaz de entender as pessoas de sentir de dar opiniões, sugestões e pensar porque mesmo que eu tinha medo de seres humanos..rs e poder rir. Não imaginam há quando tempo eu não ria. Rir de verdade, não por aparência. Rir sem ter crise de tosse, porque o pulmão não agüentava mais.
Parar de tremer:
Não ter que esconder as mãos porque eu não parava de tremer, não tremo mais.
Reaprender a comer:
Me alimentar; a alimentação era algo complicado pra mim, quantas vezes eu estava com fome e eu começava comer e vinha a vontade de usar, esquecia a comida e ia usar, agora não, eu sinto fome, eu como por prazer, não porque “há me lembrei que não comi nada esses dias”, não peso mais 43, 46 quilos, peso 51 (sendo que tenho 1,52 de altura, esses2 cm são importantes..rs).
O mais importante dormir e acordar:
A primeira noite depois dos 3 primeiros meses que pra mim foram os mais difíceis, quando eu consegui dormir, sem ter que usar droga pra isso, e acordar como qualquer ser humano acorda, dessa forma normal abrindo os olhos e tudo o mais..rs e não pelo meu corpo me acordando pedindo droga. Isso foi maravilhoso!
Tudo isso e outros detalhes mais, podem parecer pouco, mas pra mim não é.
E isso que a droga fez. Me tornou um ser a parte, alguém que tinha esquecido como é bom as coisas simples, como é prazeroso poder viver as pequenas coisas.
A droga só não destruiu totalmente meus sentimentos, porque sempre fui muito sensível. Mas muitos adictos não sentem nada e cometem violência consigo mesmo e com o próximo.
Afinal esquecemos quem somos ou muitas vezes nem sabemos.
Mas a principio:
Voltar a acredita em Deus, ter fé. Acreditar que um Poder Superior maior que eu, maior que as drogas, está ao meu lado e ele é bom ( porque tenho uma visão de um Deus que pune, castiga, onde tudo é pecado, aos poucos volto a ver que Deus é amor. E amor é bom).
Não foi fácil reaprender a viver, a fazer coisas simples:
Reaprender a andar na rua:
Quando eu sai limpa pela rua, não para ir atrás de droga, eu não conseguia andar direito, meu corpo parecia travado, eu havia esquecido como eram meus passos, era difícil o simples ato de andar lúcida, sem a tensão de usar droga ou de estar drogada. Eu havia esquecido como é o horizonte. Um outro mundo existia!
Reaprender a conversar:
Conversar com as pessoas, mesmo que fosse do comércio, ou vizinhos, olhar nos olhos das pessoas e eu mesma ouvir minha voz e perceber que sou capaz de entender as pessoas de sentir de dar opiniões, sugestões e pensar porque mesmo que eu tinha medo de seres humanos..rs e poder rir. Não imaginam há quando tempo eu não ria. Rir de verdade, não por aparência. Rir sem ter crise de tosse, porque o pulmão não agüentava mais.
Parar de tremer:
Não ter que esconder as mãos porque eu não parava de tremer, não tremo mais.
Reaprender a comer:
Me alimentar; a alimentação era algo complicado pra mim, quantas vezes eu estava com fome e eu começava comer e vinha a vontade de usar, esquecia a comida e ia usar, agora não, eu sinto fome, eu como por prazer, não porque “há me lembrei que não comi nada esses dias”, não peso mais 43, 46 quilos, peso 51 (sendo que tenho 1,52 de altura, esses
O mais importante dormir e acordar:
A primeira noite depois dos 3 primeiros meses que pra mim foram os mais difíceis, quando eu consegui dormir, sem ter que usar droga pra isso, e acordar como qualquer ser humano acorda, dessa forma normal abrindo os olhos e tudo o mais..rs e não pelo meu corpo me acordando pedindo droga. Isso foi maravilhoso!
Tudo isso e outros detalhes mais, podem parecer pouco, mas pra mim não é.
E isso que a droga fez. Me tornou um ser a parte, alguém que tinha esquecido como é bom as coisas simples, como é prazeroso poder viver as pequenas coisas.
A droga só não destruiu totalmente meus sentimentos, porque sempre fui muito sensível. Mas muitos adictos não sentem nada e cometem violência consigo mesmo e com o próximo.
Afinal esquecemos quem somos ou muitas vezes nem sabemos.
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
Desintoxicação física
Os primeiros meses não foram nada fáceis. Tem que ter muita força de vontade, muita!
Porque acordar com aquela maldita dor na barriga e sentir essa dor ir espalhando pelo corpo todo, numa mistura de câimbra é cólica, a ponto de me dobrar na cama, e só conseguir sair dela, me arrastando pelo chão, ajoelhada, parecendo bicho, chorando, pra ir ao banheiro, com diarréia e vômito e ficar assim por minutos que parecem uma eternidade, até finalmente ir sentindo aos poucos o corpo relaxando, é um outro inferno!
Isso se repetiu por muitos dias seguidos. Não é fácil!
Fiquei com gripe por 3 meses consecutivos, meu organismo estava com a imunidade no mínimo louca, porque é impressionante como fiquei doente assim que parei de usar droga. E eu sabia que era só fumar um baseado, ou cheirar que tudo isso sumiria! Da vontade, muita vontade! Mas não, não quero, não quero. Chorava, rezava e pedia ajuda.
Ajuda! A forma de ajuda que encontrei foi ligar pra pessoas que estavam limpas e elas conversarem comigo, falando como elas tinham feito pra superar esses momentos, lendo as literaturas especifica pra esses momentos, conversar com quantas pessoas do grupo fosse possível conversar. E ir a reuniões de preferência todos os dias. E rezar
É tudo sugerido dentro de um ambiente como esse. Quem criou sabia muito bem como somos, se mandar não fazemos, mas aceitamos sugestões. Não sou uma das pessoas mais fáceis de lidar (por tudo que leram aqui) em contrapartida, admito todas as minhas fraquezas sem o menor medo ou orgulho e preciso de ajuda, sozinha, não consigo. E não tenho medo da verdade.
Eu aceitei, se era assim que funcionava pra eles, então seria pra mim também, eu ia a reuniões, passava mal durante a reunião, todos entendiam, todos já haviam passado pela mesma coisa, chorava, acalmava e saia de lá mais aliviada, acreditando que um Poder Maior que eu pudesse me devolver a vida que há muitos anos não tinha mais.
NOTA: muitos que começam esse processo de desintoxicação e se firmam nesse propósito precisam de calmantes pra tomar pra poder suportar esses sintomas. Outros não suportam e voltam ao uso.
Eu optei por não tomar calmantes. Eu não voltei. Consegui, Viva eu sou forte!!..rs.
Porque acordar com aquela maldita dor na barriga e sentir essa dor ir espalhando pelo corpo todo, numa mistura de câimbra é cólica, a ponto de me dobrar na cama, e só conseguir sair dela, me arrastando pelo chão, ajoelhada, parecendo bicho, chorando, pra ir ao banheiro, com diarréia e vômito e ficar assim por minutos que parecem uma eternidade, até finalmente ir sentindo aos poucos o corpo relaxando, é um outro inferno!
Isso se repetiu por muitos dias seguidos. Não é fácil!
Fiquei com gripe por 3 meses consecutivos, meu organismo estava com a imunidade no mínimo louca, porque é impressionante como fiquei doente assim que parei de usar droga. E eu sabia que era só fumar um baseado, ou cheirar que tudo isso sumiria! Da vontade, muita vontade! Mas não, não quero, não quero. Chorava, rezava e pedia ajuda.
Ajuda! A forma de ajuda que encontrei foi ligar pra pessoas que estavam limpas e elas conversarem comigo, falando como elas tinham feito pra superar esses momentos, lendo as literaturas especifica pra esses momentos, conversar com quantas pessoas do grupo fosse possível conversar. E ir a reuniões de preferência todos os dias. E rezar
É tudo sugerido dentro de um ambiente como esse. Quem criou sabia muito bem como somos, se mandar não fazemos, mas aceitamos sugestões. Não sou uma das pessoas mais fáceis de lidar (por tudo que leram aqui) em contrapartida, admito todas as minhas fraquezas sem o menor medo ou orgulho e preciso de ajuda, sozinha, não consigo. E não tenho medo da verdade.
Eu aceitei, se era assim que funcionava pra eles, então seria pra mim também, eu ia a reuniões, passava mal durante a reunião, todos entendiam, todos já haviam passado pela mesma coisa, chorava, acalmava e saia de lá mais aliviada, acreditando que um Poder Maior que eu pudesse me devolver a vida que há muitos anos não tinha mais.
NOTA: muitos que começam esse processo de desintoxicação e se firmam nesse propósito precisam de calmantes pra tomar pra poder suportar esses sintomas. Outros não suportam e voltam ao uso.
Eu optei por não tomar calmantes. Eu não voltei. Consegui, Viva eu sou forte!!..rs.
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