Me deu vontade de gritar ao mundo, toda a minha experiência com drogas, ao absurdo que essa escolha me levou. Não vou poupar palavras, palavrões, sentimentos, nenhum deles, todos seram ditos sem a menor maquiagem, afinal se não poupei minha vida, não será agora que vou medir palavras.

Tudo que ler é a mais pura verdade, como vivo agora e muitos momentos de meus diários, escrevi tudo esses anos todos. Não vou citar nomes verdadeiros, nem o meu, muito menos os daqueles que comigo dividiram esses 26 de vida no uso ativo de drogas. As informações que eu omitir será apenas para evitar que invadam minha privacidade, minha vida no momento.

Não sei que ordem vou dar a cada postagem, não sei se vou seguir ordem cronólogica. Vai assim do jeito que eu sentir vontade de contar. (Desculpem, se na forma de redigir contém erros seja eles quais forem eu sei que é agradável aos olhos ler algo sem erros, mas como não sou escritora e estou mais atenta aos sentimentos, é bem provável que vá acontecer mas vou tentar me policiar).

Caso queiram entrar em contato, para dúvidas, perguntas, alguma curiosidade - email:
existenciaativa@hotmail.com

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Como anda minha vida, sem drogas...

O meu namorado é ex-namorado, sem sentir muito. Ele fez a opção dele, saiu da clínica após um mês apenas. Voltou e saiu novamente, ou seja, ainda não é a hora dele. Eu não quis participar, nem que seja indiretamente do mundo ativo das drogas e não quero. Já me basta ser dependente química, não vou ser co-dependente, nem levo jeito pra esse papel, enlouqueceria em "dois tempos".
O que eu sentia por ele, esquece, tenho uma habilidade em me desligar das pessoas que até me assusta. A perda do meu marido me deixou assim. Fria talvez, sem apego.
A verdade é que minha noção de amor não inclui mais sofrimento, não esses que são óbvios e que com a maturidade que tenho, sei que posso evitar, sofrimento desnecessário, não vou me matar por quem não merece. Nisso eu cresci.

Completei 3 anos limpa, foi muito bom poder comemorar com os meus amigos de NA essa conquista, 3 anos e sabe não senti, foi muito, muito mais fácil do que eu imaginava. Não estou mais só. E a droga atualmente não é mais o problema.
O problema ainda são os sentimentos, como lidar com tanta contradição dentro de mim.
Como lidar com essa falta de apego a vida
Como lidar com essa total falta de interesse pelas coisas, lugares, ocasiões etc.
Desaprendi o verbo apegar. Desaprendi

Continuo indo às reuniões, não com a mesma freqüência de antes, mas vou, principalmente quando alguma situação negativa me incomoda. Eu me conheço, sei da minha dificuldade de lidar com certas coisas e nesses momento preciso de proteção, preciso me fortalecer e nas reuniões encontro isso.

Está tudo bem, nada de mais acontecendo, na verdade acho tudo isso um grande marasmo. Vivi muitos anos "na adrenalina" e essa calmaria toda, não me parece calma, é um grande tédio.
Mas não posso reclamar, são apenas meus questionamentos internos.
Desisti de trabalhar, tentei e tive crises de tontura, não consegui entender o que eu precisava fazer, abri mão, se um dia puder faço se não vou tentar algo que esteja ao meu alcance. Mas, ai vem o "x" da questão, o que? Se não me interesso por absolutamente nada!!
Bem.. Não vou me preocupar mais com isso, não agora.

Virei tia em tempo integral..rs, meus irmão trabalham e cuido das minhas sobrinhas, duas bebês praticamente, ou seja, me ocupo o dia inteiro, amo minhas meninas. Sempre fui muito maternal (esse apego a família nunca perdi). Mas mesmo assim, não me sinto fazendo nada!. Acredita?!
E esse vazio na alma que me cala, sei que são correntes que arrasto é que ainda não consegui me libertar. Mas ai vem questão financeira, para poder fazer uma terapia e...complica vira um circulo, sem estradas retas, uma coisa que puxa outra e outra, e me canso, como me canso de tanto pensar!!.

Desisto de tentar seguir algo, não adianta, não tenho disciplina, não consigo ser assídua, seja numa religião, seja no grupo, acabo discordando, achando erros, vendo lados diferentes, nunca gostei de pessoas fanáticas, nem com uma visão única, gosto da diversidade de opiniões e seguir somente uma coisa me sinto tolhida, me sinto pouco. Sou muitas, não dá pra ser uma só, ao menos no que penso.

Bem.. voltei pra dizer que sempre estou aqui. Que não esqueço desse espaço, onde joguei minha vida, dos amigos que aqui fiz, agradeço aos novos que estão chegando.

Ah! Tenho algo importante a dizer... tenho recebido muitos emails, respondido e em muitos dos casos correspondidos e penso, meu Deus quando sofrimento por conta da maldita droga, quanto! Mas não deixa de ser minha doação como ser humano, tento com toda a minha boa vontade e experiência nesse mundo, ajudar. Vamos lutar, somos fortes, não estamos sós.

Volto a qualquer momento.
A vida segue... morna... mas, segue.